“Vale a pensar reservar dez minutos do seu tempo para ler essa história”

Um dos cães que a gente reconhece pela sua “cara” sem errar, seguramente, é o bulldog; uma raça que com sua simpatia tem conquistado os corações de muitos fiéis admiradores por todo mundo.

Era inevitável que o bulldog agradara, pela simples razão de que se trata de uma criatura que o homem veio modificando lentamente suas características com uma criteriosa seleção com o passar dos tempos: primeiro porque queria um bom cão de combate, e também porque desejava um afetuoso cão de companhia.

O bulldog, que tem descendência dos antigos molossos do Tibet (e vem se diferenciando cada vez mais destes com o passar dos tempos), era usado na Grã-Bretanha nas lutas contra os romanos quando, no ano de 55 A.C., tentaram invadir pela primeira vez as ilhas britânicas; contra o adeptos do cristianismo nas arenas, depois de terem sido importados para a capital do império pelos legionários romanos; contra os ursos, contra seus próprios semelhantes, mas sobretudo contra os touros. A palavra bulldog não significa cão-touro e sim cão para o touro.

Sua história é cada vez mais distante dos antigos molossos para aproximar-se com a morfologia dos exemplares de hoje em dia. Bull-baiting , termo que designa aqueles combates entre o cão e o touro que se espalharam na antiga Inglaterra, sobretudo entre os trabalhadores mineiros da região de Black Country.

bull-baiting se espalhou rapidamente, sustentado também em parte, pela grande paixão dos ingleses em apostas. A moda chegou a tomar parte por todo continente europeu, ficando proibida em 1698 na Holanda, em 1834 na França, e um ano mais tarde também no Reino Unido.

Na época em que se celebravam estes combates, notava-se, nos bulldogs, algumas peculiaridades que na atualidade se caracterizam de maneira inconfundível nesses cães, por exemplo, é fato que eles devem ser dotados de extremidades curtas (para que o touro tenha dificuldades em “chifrá-los”, arremessando-os para o alto), a cana nasal curta e com a ponta do nariz recuada em direção aos olhos (para facilitar a respiração durante a mordedura) e a presença de rugas no focinho (para que o sangue do touro escorra com fluência e não entre em seus olhos).

A criação de exemplares que obtiveram êxito em combate se converteu, rapidamente, em uma atividade muito rentável. Para se conseguir uma raça própria foi necessário um longo caminho, e mesmo querendo, ainda hoje, é impossível encontrar dois bulldogs totalmente iguais.

O nome apareceu pela primeira vez – em forma de documento histórico – em uma carta enviada de San Sebastian, por um tal Prest-wick Eaton, ao londrinense George Willingham. Na carta era solicitado o envio de um casal de exemplares de boa tipicidade para ser presenteado, isso por volta de 1631 ou 1632. Em épocas anteriores, se usavam outros nomes, tais como bondogge, boldogge e bandogge .

Contudo, aqueles primeiros bulldogs estiveram a ponto de extinguir-se rapidamente. Ao serem declarados ilegais os combates entre os animais, rapidamente não havia mais interesse por parte dos criadores em se manter a raça e os melhores acabaram nas mãos de poucos comerciantes.

Tentou-se utilizá-los como cães de guarda e defesa, porém, a agressividade típica dos bulldogs era muito grande, demasiadamente perigosos para esse fim. Por sorte, algum aficionado com seriedade, se ocupou em desenvolver a raça nos subúrbios de Londres, Birmingham, Sheffield y Nottingham.

O interesse por esses cães se recuperou pouco a pouco, até que nos dias 3 e 4 de dezembro de 1860, precisamente em Birmingham (apenas um ano depois da primeira exposição canina celebrada em Newcastle, reservada a cães de raça), os bulldogs fizeram sua primeira aparição num ringue de exposição.

Em 1863 foi inscrito o primeiro bulldog no Livro de Origens, e o nome dado foi muito marcante e significativo: Adão.

Um ano depois, em 1864, se criou o primeiro Clube da raça, Samuel Wichens, estudou e redigiu um estandarte (estander – bandeira) básico para a evolução da mesma. Depois de se obter a aprovação desse “estander” no Clube, foi publicado em 1865, com o pseudônimo de Philo-Kuon .

Ao longo de 10 anos de sua criação, aquela primeira associação deixou de existir, porém em 13 de abril se constituía o Bulldog Club Incorporated , clube que guarda a tutela da raça até hoje na Inglaterra.

Esta nova sociedade especializada se encarregou de revisar o “estander” elaborado por Wickens e ao publicar, tornou-o “oficial”. Esta versão do “estander” se manteve inalterado até 1909, ano em que sofreu modificações na sua forma e não no conteúdo. O “estander” atual está em vigor desde 1988 (sendo revisado novamente em 2004).

Durante este período a raça havia começado a difundir-se na Europa, onde encontrou uma aceitação crescente por parte do público e da crítica. Aumentava o interesse pela raça em determinados países, diminuindo em outros que antes, por diferentes motivos, tinha uma grande aceitação.

Durante um certo período, os criadores ingleses importaram de Aquitania – região que, desde os tempos remotos existiam os antepassados do atual dogo de Burdeaux, tal como descreve Marco Terencio Varrón em Rerum rusticarum – exemplares úteis para a melhora do bulldog inglês, não em vão, pois esses cães franceses eram muito apreciados por sua força e firmeza. Todavia o interesse desse país pelo bulldog foi diminuindo, igualmente pelos países da península ibérica, onde se conserva o primeiro documento conhecido que figura o nome do bulldog. Em contrapartida, a raça incrementava sua presença na Holanda, Alemanha e Suíça.

Na Itália, por exemplo, o bulldog aparece desde o início do século XX, na mesma época que na América, donde deram lugar à outra raça.

O bulldog americano está geneticamente um passo atrás na história do bulldog do ponto de vista morfológico. Por outro lado, representa um retorno à raça nos primórdios do século XIX.

Efetivamente, o bulldog inglês descende de exemplares bastante diferentes dos que atualmente representa a raça. Entre as cabeças de estirpe historicamente importantes de se destacar Crib y Rose , imortalizados por Abraham Cooper, um célebre desenho que data de 1817.

Estes exemplares, que então se consideravam ideais, tinham a cana nasal bastante larga do que se prevê no “estander” atual e eram muito mais altos. O bulldog americano, no que pese conservar as feições do inglês, é a reconstrução de um cão mais alto, mais funcional na sua movimentação e com menos complicações.

Convém recordar que os bulldogs ingleses, vez por outra, sofrem de monorquidia e criptorquidia (falta de testículo na bolsa escrotal), problemas cardíacos e respiratórios, dificuldades na monta (acasalamento) e nos partos. Os criadores contemporâneos estão cada vez mais trabalhando para eliminar as doenças que se transmitem de geração em geração, buscando um tipo muito especial, mas não é um trabalho fácil e nem pode ser realizado em curto prazo.

Ao longo da história da criação dos bulldogs, a raça tem sido vítima, em várias ocasiões das decisões do homem. Isso ocorreu quando selecionaram os exemplares mais ferozes com vista a resultados nos combates, e também quando se exagerou sua morfologia para convertê-los em autênticos show-dogs (cães espetáculos), por conseqüência, houve o perigo de provocar o desaparecimento da raça. O cão foi modificado até o ponto de ser proposto a remodelação do bull-baiting, com seu fim, fazendo o bulldog recuperar as características de cão normal.

Este é o caminho – sem derramamento de sangue nas arenas – que está se perseguindo hoje em dia. Em muitos criatórios se valorizam as fêmeas que dão à luz filhotes sem cesárea, e reprodutores que cobrem as fêmeas naturalmente, sem dificuldades e que não sofrem e não transmitem patologias cardiovasculares.

Para finalizar, não podemos deixar de mencionar a influência que a história tem exercido no caráter da raça.

Se atualmente o bulldog é adorável e incomparável companheiro de jogos das crianças, não se pode duvidar que nos primeiros textos do “estander” o redator recomendava que os cães crescessem em restrito contato com os homens, dando-lhes cuidado e atenção, com o objetivo de quando adultos, experimentarem os arranques de frieza que havia feito deles tão impopulares em seu país de origem, até o ponto de estarem a um passo da extinção, uma vez declarados ilegais nos combates e com a conseguinte diminuição de sua criação.

Por felicidade, hoje em dia temos um cão de estética excepcional e de caráter estável e confiável.

Contudo não devemos esquecer que pelo sangue do bulldog do ano 2000 corre a recordação das lutas de seus antepassados, e, portanto, estes cães devem ser tratados com respeito que se tem por um boxer, um dogo ou um mastim napolitano, sem cair no erro de confundí-lo com um precioso cão de pelúcia.

Ver uma ninhada de filhotes completamente enrugada faz desaparecer qualquer temor que havia por eles.

Não existe nenhum outro cão como o bulldog.

Do livro:

Cães de Raça – O Bulldog Autor: Fábio C. Fioravanzi

COMPORTAMENTO E TEMPERAMENTO:

– Os buldogues possuem fama e aparência (fisionomia) de cães bravos. Porém, são bem amigáveis, alegres e adoram brincar. Atacam, para se defenderem, somente quando são agredidos com violência.

– É uma raça de cão muito teimosa.

– É uma raça muito inteligente e extremamente fiel ao dono.

– Possuem pouca necessidade de atividades físicas. Adaptam-se facilmente em ambientes pequenos. Porém, assim como todas as raças de cães, necessitam de caminhadas diárias caso habitem em apartamento.

– Se bem adestrados, apresentam características de excelente higiene e obediência.

– Ótimo cão para companhia, costuma integrar-se facilmente ao ambiente familiar.

COMPORTAMENTO E TEMPERAMENTO:

CARACTERÍSTICAS FÍSICAS

– Os cães da raça buldogue inglês possuem, em média, de 40 a 55 cm de altura.

– O peso varia entre 20 a 30 kg.

– É uma raça de porte forte, musculosa e troncuda.

– Possuem orelhas pequenas, boca larga e maxilares fortes e largos.

– O focinho é curto e achatado.

– As cores mais comuns desta espécie podem ser branca ou branca com marrom claro.

– Possuem pescoço curto, porém bem grosso e firme.

– Possuem pelagem curta, lisa e de textura fina.